Concentrações de espermatozoides caíram 50% no mundo ocidental

As concentrações de espermatozoides caíram para menos da metade entre 1973 e 2011 em homens da América do Norte, da Europa, da Austrália e da Nova Zelândia, de acordo com uma análise sistemática e uma análise de metarregressão.

Estudos ocidentais realizados com homens “não selecionados” (homens que não foram selecionados pela fertilidade comparados a homens férteis), a concentração de espermatozoides diminuiu 1,4% ao ano, levando a uma queda de 52,4% neste período de 38 anos. As tendências da concentração total de espermatozoides foram semelhantes, com queda média de 1,6% ao ano, para uma redução de 59,3% durante o período.

Não houve tendências significativas entre os outros grupos não selecionados (homens não selecionados da América do Sul, da Ásia e da África) e os outros grupos férteis (homens férteis de América do Sul, Ásia e África).

Dadas as importantes implicações desses resultados em termos de saúde pública, urge pesquisar as causas dessa redução continuada“, escreveram o Dr. Hagai Levine, da Braun School of Public Health and Community Medicine na Hadassah-Hebrew University (Israel), e colaboradores.

 Os resultados foram publicados on-line em 25 de julho no periódico Human Reproduction Update.

Esta diminuição significa que uma proporção cada vez maior de homens nos países ocidentais está caindo para classificações de subfertilidade ou infertilidade.

“A alta proporção de homens de países ocidentais com concentração de espermatozoides abaixo de 40 milhões/mL é particularmente preocupante, dado que a concentração de espermatozoides abaixo deste limiar está associada a menor probabilidade de concepção mensal”, escrevem os pesquisadores.

Essas curvas permaneceram verdadeiras após o ajuste por fatores como idade, tempo de abstinência de ejaculação, métodos de coleta do sêmen e de contagem de espermatozoides, escolha da população e critérios de exclusão, bem como em múltiplas análises de sensibilidade, escrevem os autores.

A análise de metarregressão considerou 185 estudos, com base em amostras coletadas entre 1973 e 2011, de 42.935 homens. Os dados são provenientes de 50 países dos seis continentes. Estudos anteriores voltaram no tempo até 1931 e foram criticados por serem menos confiáveis, com chance de erros históricos de aferição.

A média da concentração de espermatozoides neste estudo foi de 81 milhões/mL e a média da concentração total de espermatozoides foi de 260 milhões/mL. A redução não mostrou nivelamento quando os pesquisadores limitaram as análises a estudos com coleta de amostras de 1996 a 2011. Quando os autores consideraram somente os dados após 1985, a curva “foi semelhante à do modelo completo”, escrevem os pesquisadores.

 No entanto, ao considerar apenas os dados após 1995, a inclinação da queda no grupo ocidental não selecionado foi “um pouco mais acentuada” tanto a da concentração de espermatozoides (- 2.06 milhões/mL; IC de 95%, de – 3,38 a – 0,74 milhões/mL; = 0,004) quanto a da concentração total de espermatozoides (- 8,12 milhões/mL ; IC de 95%, – 13,73 a – 2,51 milhões/mL; = 0,006), escrevem os autores.

O gato subiu no telhado?

Estes achados têm implicações para além da fertilidade, e são compatíveis com as tendências de câncer testicular, criptorquidia, níveis de testosterona e início da puberdade masculina, observam os autores. A baixa contagem de espermatozoides também foi relacionada com a morbidade geral e o risco de morrer.

 Os resultados também podem representar que “o gato subiu no telhado”, dizem os autores. Embora o estudo não tenha sido projetado para determinar a causa desta redução, a contagem de espermatozoides tem sido associada a fatores ambientais e de estilo de vida, inclusive aos fatores de desequilíbrio endócrino ou ao tabagismo das gestantes durante uma janela crucial do desenvolvimento do sistema reprodutor masculino. As exposições a pesticidas também podem desempenhar algum papel na vida adulta, observam.
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Dra. Karla Santone
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