A evidência de que o exercício pode desempenhar um papel efetivo contra o câncer vem aumentando. O exercício regular tem sido associado a um risco reduzido de câncer de cólon, mama, próstata, pulmão e endométrio. [1][2] Um estudo publicado em 2012 na revista The Lancet descobriu que o sedentarismo era responsável por 10% dos casos de câncer de mama e cólon em todo o mundo.[3] A boa notícia é que as pessoas têm a capacidade de tomar decisões quando bem informadas, alterar estilos de vida e ajudar a combater o câncer, tirando vantagem da atividade física. Vamos ver o que as pesquisas dizem e que tipo de exercício é melhor.
Exercício pode contribuir para a prevenção do câncer e sobrevida por melhorar o sistema imunológico. Um artigo da Sociedade Internacional de Exercício e Imunologia mostra que o exercício regular pode diminuir o risco de desenvolver câncer e também melhorar a sobrevida após o diagnóstico. A atividade física parece aumentar a atividade das células NK enquanto diminui a inflamação celular, fatores muito importantes no desenvolvimento e progressão de muitos cânceres.[4]
Mas quanto realmente precisamos e por quanto tempo? Mesmo uma atitude simples como andar pode ajudar na sobrevida ao câncer. Um estudo publicado pela Associação Americana para o Câncer sugeriu que os pacientes com câncer de próstata poderiam melhorar significativamente suas chances de cura, incluindo passeios regulares em suas vidas. Os pesquisadores descobriram que os homens que caminharam a um ritmo rápido durante pelo menos três horas por semana tiveram uma taxa 57% menor de progressão do câncer, em comparação com os homens que caminharam em um ritmo vagaroso por menos de três horas por semana.[5] O ritmo de caminhada parece ser altamente correlacionado com uma diminuição do risco de mortalidade, independentemente da duração do exercício.
O National Cancer Institute sugere que a atividade física possa ter um efeito benéfico semelhante nas mulheres. Uma história de exercício moderado e recreativo está associada a um risco reduzido de câncer de mama e endométrio. [1] A atividade física recreativa em qualquer intensidade reduz o risco de câncer de mama em mulheres pré e pós-menopáusicas. [6] No Estudo das Enfermeiras de Harvard, o “Nurses’ Health Study II”, as mulheres na pré-menopausa que eram fisicamente ativas tinham um risco 23% menor de câncer de mama. A evidência mais forte para a prevenção foi observada em mulheres fisicamente ativas dos 12 aos 22 anos de idade. No entanto, os pesquisadores concluíram que o exercício em ambos, a adolescência e idade adulta, pode resultar no máximo beneficio. [7]
Numerosos estudos avaliaram os efeitos da atividade física sobre o risco de câncer endometrial. As mulheres fisicamente ativas têm um risco 20-40% menor de desenvolver câncer de endométrio, e aquelas que foram mais fisicamente ativas tiveram a maior redução no risco. [8]
Para os cânceres mediados por hormônios, como o câncer de mama e endometrial, o exercício pode diminuir o risco ao alterar o peso corporal e o metabolismo dos hormônios sexuais, como o estrogênio.[1][2] Para todos os pacientes com câncer, o exercício regular ajuda a melhorar os sintomas de fadiga física e mental causada por tratamentos, como a quimioterapia. Basicamente, 90-120 minutos de exercício moderado semanalmente foram suficientes para ver melhoras na fadiga, depressão e ansiedade de mulheres submetidas ao tratamento oncológico. [9] Uma revisão do estudo de 56 ensaios com mais de 4.800 participantes passando por tratamento encontrou melhorias significativas em sua qualidade de vida quando o exercício foi incluído. [10]
Muitos pacientes com câncer submetidos a tratamento têm fadiga severa e depressão. Ser fisicamente ativo pode contrariar esses efeitos negativos e dar aos pacientes mais energia, [11] que pode ser usada para manter um sistema imunológico saudável e longe de recorrência. No entanto, para os sobreviventes de câncer ou aqueles passando por tratamento, é importante notar que os regimes de exercício devem ser individualizados. O tipo de câncer, a gravidade, e os medicamentos e tratamentos utilizados ajudarão a determinar qual padrão de exercício é melhor. Portanto, deve-se exercer dentro das necessidades e limitações do corpo porque o esforço excessivo pode resultar em queda do sistema imune.
Algumas palavras de cautela devem ser acrescentadas aqui. Primeiramente, exercitar-se diariamente não apagará os efeitos negativos do stress emocional (ver post “gerenciamento do stress”) ou de uma dieta pobre.
Todos os aspectos do estilo de vida devem ser considerados como parte integrante da saúde. Exercício de alta intensidade pode ser contra-indicado para indivíduos cuja função imunológica já esteja comprometida, que estejam indispostos, ou em alto risco de doenças cardiovasculares ou outras. A maioria dos benefícios de saúde do exercício pode ser alcançada com um programa moderado projetado com as necessidades específicas do indivíduo em mente. Qualquer decisão de incluir o exercício no curso da terapia oncológica deve levar isso em consideração. É altamente recomendável que você verifique com seu médico antes de iniciar qualquer programa de exercícios, especialmente se você tem mais de 40 anos de idade, está com sobrepeso, ou tem qualquer condição médica pré-existente.
Use seu corpo
A atividade física é excelente para o seu coração, sua cintura e seu bem-estar. Nossos corpos são projetados para a atividade física: andar, dançar, andar de bicicleta, participar de jogos e brincar com crianças. Estas atividades podem por o seu coração em movimento e queimar calorias. Mas nós as fazemos por diversão e não para queimar calorias. A chave é lembrar que isso é como exercitar o seu corpo – para desfrutar de uma caminhada, um jogo de voleibol ou futebol, ou uma noite na pista de dança.
Para começar, tente algo muito simples. Basta dar uma caminhada de meia hora por dia ou uma hora três vezes por semana. Se você está se sentindo enérgico, ande rapidamente. Isto é fácil e proporciona o benefício do exercício. Escolha um lugar para caminhar que é agradável para você, com atrações interessantes, sons e cheiros.
Se preferir, escolha qualquer outra atividade. Para ter uma idéia de como o seu corpo pode gastar calorias, aqui estão algumas atividades e o número de calorias que queimam por hora, para um adulto:
Atividade | Calorias Queimadas Por Hora |
Ciclismo | 400 |
Canoagem | 180 |
Cozinhar | 180 |
Dança | 240 |
Jardinagem | 480 |
Golfe | 345 |
Pular corda | 570 |
Pingue-Pongue | 285 |
Tocar piano | 165 |
Raquetebol | 615 |
Nataçao | 525 |
Tênis, duplas | 270 |
Tênis, sozinho | 435 |
Voleibol | 330 |
Caminhada | 360 |
O divertimento é a chave. Traga uma amiga/o.
Uma palavra de cautela: Não seja muito duro consigo mesma/o. Se você tem mais de 40 anos ou tem algum histórico de doença, uso de medicação ou problemas articulares, converse sobre seus planos com seu médico antes de começar.
Saia de casa e mexa-se!
Fontes
[1]. The National Cancer Institute. Physical Activity and Cancer. 2009. Available at: http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/prevention/physicalactivity#r1. Accessed October 17, 2012.
[2]. World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer Research. “Physical Activity.” Food, Nutrition, Physical Activity and the Prevention of Cancer: a Global Perspective. Washington DC: AICR, 2007.
[3]. Lee IM, Shiroma EJ, Lobelo F, et al. Effect of physical inactivity on major non-communicable diseases worldwide: an analysis of burden of disease and life expectancy. Lancet. 2012;380:219-229.
[4]. Walsh NP, Gleeson M, Shephard RJ, et al. Position statement part one: Immune function and exercise. Exercise Immunology Review. 2011;17:6-63.
[5]. Richman EL, Kenfield SA, Stampfer MJ, Paciorek A, Carroll PR, Chan JM. Physical activity after diagnosis and risk of prostate cancer progression: Data from the cancer of the prostate strategic urologic research endeavor. Cancer Research. 2011;71:3889–3895.
[6]. McCullough LE, Eng SM, Bradshaw PT, et al. Fat or fit: The joint effects of physical activity, weight gain, and body size on breast cancer risk. Cancer. 2012;118:4860-4868.
[7]. Maruti SS, Willett WC, Feskanich D, Rosner B, Colditz GA. A prospective study of age-specific physical activity and premenopausal breast cancer. J Natl Cancer Inst. 2008;100:728-737.
[8]. Lee I, Oguma Y. Physical activity. In: Schottenfeld D, Fraumeni JF, editors. Cancer Epidemiology and Prevention. 3rd ed. New York: Oxford University Press, 2006.
[9]. Carayol M, Bernard P, Boiché J, et al. Psychological effect of exercise in women with breast cancer receiving adjuvant therapy: what is the optimal dose needed? Ann Oncol. Published ahead of print Oct 5, 2012.
[10]. Kuchinski A, Reading M, Lash AA. Treatment-related fatigue and exercise in patients with cancer: A systematic review. Medsurg Nurs. 2009;18:174-180.
[11]. Brown JC, Huedo-Medina TB, Pescatello LS, Pescatello SM, Ferrer RA, Johnson BT. Efficacy of exercise interventions in modulating cancer-related fatigue among adult cancer survivors: a meta-analysis. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2011;20:123-133.