Estamos em 2017 e é difícil crer que ainda hoje eventos voltados para a prevenção do câncer sejam realizados em churrascarias, e por iniciativa de médicos e laboratórios. Não deveríamos ser um exemplo para os nossos pacientes? Que mensagem passamos quando discutimos um tema tão importante na atualidade em churrascarias, sendo que sabemos que o consumo de carne há muito tempo vem sendo associado ao surgimento de vários tipos de câncer, doenças cardíacas e outros problemas graves de saúde? Por que se escolhe um local que contradiz o que está sendo abordado?
Churrascarias são tradicionalmente conhecidas por oferecer aos seus clientes carnes extremamente condimentadas, o que significa maior concentração de sódio, e sódio em excesso representa riscos de acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, aneurisma, doenças neurológicas, insuficiência cardíaca e renal, e doenças respiratórias, entre outros problemas.
O churrasco em si já representa um risco aumentado de câncer. Compostos cancerígenos como os Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) são formados quando a gordura da carne respinga no carvão por conta do calor e, depois, juntam-se à fumaça e aderem à carne. Estudos indicaram que a ingestão elevada de HPAs pode representar riscos à saúde, como o desenvolvimento de câncer, sendo que o consumo de carne de churrasco ou defumada pode aumentar o risco de mortalidade após um diagnóstico de câncer de mama, como concluiu um estudo publicado em 5 de janeiro de 2017 no Journal of the National Cancer Institute.
Como podemos virar as costas para tantos estudos de grande profundidade que apontam os malefícios da carne, entre os quais o “The China Study”, o “Cutting red meat – For a longer life” e o “Becoming a Vegetarian”, da Universidade Harvard. A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou em outubro de 2015 que carnes são carcinógenos, sendo as carnes processadas carcinógenos tipo 1 e as carnes não processadas, carcinógenos tipo 2.
Na sua edição de dezembro de 2016, a Associação Dietética Americana (ADA) publicou um relatório afirmando que os vegetarianos têm 50% menor risco de contrair diabetes, doenças cardíacas e amargar oscilações nos níveis de colesterol. Fontes que comprovam que uma dieta vegetariana é mais saudável não faltam. Outro exemplo é a pesquisa “Adventist Health Study 2”, da Universidade Loma Linda, referência em cardiologia, realizada com 80 mil pessoas nos Estados Unidos. Como se não bastassem, ainda temos o “Estudo das Enfermeiras de Harvard” e o “Estudo dos Profissionais de Saúde de Harvard” cujos resultados são ainda mais constrangedores.
Na semana passada, mais um importante trabalho foi publicado: “Mortality from different causes associated with meat, heme iron, nitrates, and nitrites in the NIH-AARP Diet and Health Study: population based cohort study”. Este estudo com mais de meio milhão de participantes e 16 anos de duração revelou que os que comiam mais carnes vermelhas tiveram 26% mais chances de morrer mais cedo devido a 9 causas diferentes que foram associadas com carnes processadas e não processadas. E os dois grandes culpados são o ferro heme (isto é, o ferro das carnes) e os conservantes nitritos e nitratos. Ambos causam estresse oxidativo e inflamação em nossos corpos, aumentando muito o risco de doença e morte precoce. Nossa melhor aposta para a saúde a longo prazo é uma dieta baseada em VEGETAIS!
Fonte:
http://www.thelancet.com/journals/lanonc/article/PIIS1470-2045(15)00444-1/abstract
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27886704
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3638849/pdf/nihms330464.pdf#sthash.kqEbFt9i.dpuf
http://www.bmj.com/content/bmj/348/bmj.g3437.full.pdf
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3565018/pdf/nihms423289.pdf