O Papel do Gerenciamento do Estresse sobre o Câncer

Alimentação saudável, atividade física e redução do estresse são cada vez mais reconhecidos como elementos vitais para a prevenção e sobrevida do câncer. Enquanto a genética desempenha um papel na predisposição de algumas pessoas ao câncer, outros fatores desempenham um papel muito maior. De fato, grande parte do que aparenta “ser de família” resulta da exposição simultânea a fatores ambientais, como compostos químicos ou padrões alimentares promotores de câncer. [1] Muitos fatores, incluindo dieta, atividade física, infecções virais e bacterianas, radiação, e exposição a carcinógenos têm influência no risco de desenvolver a doença.

Nas últimas duas décadas, pesquisas tem revelado que fatores emocionais e falta de exercícios físicos podem alterar a resistência ao câncer. Modificar padrões de exercício e o modo como lidamos com o estresse podem ainda desempenhar um importante papel na prevenção ou no prognóstico da doença – um papel não menos importante que fazer mudanças apropriadas na dieta.

estresse-cellO câncer começa com uma grande mudança em uma célula viva normal. A transformação de uma célula normal para uma célula cancerígena é desencadeada por danos ao DNA, por exemplo, por radiação ou uma substancia cancerígena. Estas células, geralmente, sofrem divisão celular mais rapidamente do que as células das quais se originaram. Quando uma célula cancerígena se divide, ela forma duas novas células cancerígenas. O processo continua até que uma massa de células seja criada, a qual é chamada de tumor. O perigo do câncer vêm da capacidade das células anormais invadirem outros tecidos e viajarem, através do sangue e vasos linfáticos, para outras áreas do corpo, um processo chamado de metástase.

Cada uma de nós está constantemente exposta a carcinógenos em nossos alimentos, ar e água, resultando na produção de células cancerígenas no nosso corpo. Normalmente, no entanto, nosso sistema imunológico reconhece e destrói essas células antes que elas tenham a chance de se multiplicar. (A mesma coisa acontece com a grande maioria dos vírus e bactérias que entram em nossos corpos.) Sendo assim, simplesmente ter desenvolvido células anormais não é o único fator que vai determinar o curso da doença, ao invés disso, a principal ameaça do câncer pode resultar da incapacidade do corpo para eliminar as células anormais.

Estresse e Imunidade

estresse5O estresse nos afeta física e psicologicamente. No caso de uma ameaça percebida, o corpo sofre uma tensão interna caracterizada por aumento da freqüência cardíaca, pressão arterial e tensão muscular, para se preparar para uma ação rápida e poderosa. Nos tempos primitivos, essas mudanças corporais provavelmente nos ajudaram a nos adaptar a situações perigosas, como tempestades ou súbitos ataques. Em muitos casos, porém, esses aspectos da resposta ao estresse são inadequados no contexto da sociedade moderna. Você não precisa de músculos tensionados e uma freqüência cardíaca aumentada, por exemplo, ao tentar resolver uma disputa comercial ou um conflito em casa.

estresse-2Embora as evidências ainda estejam sendo estudadas, os fatores emocionais que influenciam o estresse podem desempenhar algum papel na resistência ao câncer. Depressão e desamparo, por exemplo, podem ser prejudiciais ao prognóstico do câncer e diminuir a qualidade de vida. Parece haver uma conexão entre o estresse e a função imune diminuída. O estresse de longo prazo pode ser ainda mais prejudicial à resistência ao câncer, e evidências emergentes sugerem que certos cânceres, como mama e melanomas, podem ser mais facilmente influenciados pelo estresse do que outros, especialmente no início de seu desenvolvimento.

Controlar o estresse e melhorar o estado psicológico pode não apenas diminuir o risco de desenvolver câncer, mas também melhorar as chances de sobrevivência se o câncer tiver sido diagnosticado. Uma imunidade melhor durante o câncer permite uma maior recuperação dos tratamentos difíceis e pode diminuir a incidência de complicações, melhorando a saúde e bem-estar geral da paciente.

estresse-apoioOs resultados de uma grande metanálise indicam que a falta de apoio social está relacionada a aumento da incidência de câncer e taxas de mortalidade [2].  Aqueles que têm um forte sistema de apoio social têm uma probabilidade de sobrevivência 50% maior. Sabendo que existem outras pessoas em torno de você, para quem você pode se dirigir em tempos difíceis, produz um sentimento de estabilidade emocional, um contexto para lidar melhor com os sentimentos e os problemas da vida.

Nenhuma evidência científica ainda descobriu que estresse e emoções podem causar câncer diretamente. O elo mais plausível é um efeito indireto através do sistema imunológico. Quando a imunidade é enfraquecida pelo estresse, particularmente na presença de fatores biológicos, como uma dieta gordurosa ou poluição ambiental, o câncer pode progredir e crescer.

A Personalidade Anti-Câncer é esperançosa e expressiva

Nas últimas décadas, vários estudos forneceram evidências apoiando o conceito de que fatores relacionados ao estresse podem influenciar a doença maligna. Estes estudos encorajaram o uso de estratégias terapêuticas para pacientes com câncer que dependem de princípios psicológicos e psiconeuro-imunológicos para acompanhar tratamentos médicos tradicionais.[3]

estresse3Quando as pessoas sentem que uma grande agitação da vida é esmagadora ou desesperadora, seu risco subseqüente de câncer aumenta. Uma revisão recente de estudos que examinaram a ligação entre personalidade e prognóstico do câncer, demonstrou que pacientes com câncer que exibem um alto grau de neuroticismo e baixo otimismo tendem a ter uma menor chance de sobrevida. [4] O neuroticismo geralmente descreve a tendência de um indivíduo em direção à preocupação e à ansiedade. Essa mesma revisão sugeriu que os indivíduos neuróticos também experimentam mais estresse e têm uma menor qualidade de vida durante o tratamento.16 Para esses indivíduos e todos os pacientes com câncer, o controle do estresse pode não apenas aumentar o bem-estar, mas também melhorar a saúde e a sobrevida.

Fortalecendo a Mente Anti-Câncer

estresse-relaxationtechniquesEstudos de várias técnicas de relaxamento sugerem que a mente pode melhorar nossa imunidade contra o câncer. Em seu livro Psychological and Behavioral Treatments for Disorders Associated with the Immune System, [5] Steven Locke, diretor do Projeto de Pesquisa Psico-imunológica da Harvard Medical School, descreve mais de 200 estudos sobre o tratamento do câncer por métodos “mente / corpo”. Entre os métodos mais utilizados por pacientes com câncer são aqueles que reduzem a ansiedade, tais como técnicas de relaxamento por meditação. Uma redução na ansiedade, depressão e desamparo que muitas vezes acompanham a doença pode facilitar a tomada de decisões sobre o tratamento. Compartilhar seus medos e frustrações com um psicoterapeuta ou membros de um grupo de apoio ao câncer pode fornecer inestimável estabilidade emocional e alívio. Estar em torno de pessoas saudáveis e positivas também é importante. Crianças saudáveis, com a sua natureza lúdica e espontânea, são particularmente bons companheiros em tempos de doença.

estresse4Baseado em seu extenso trabalho com pacientes com câncer, Bernie Siegel, M.D., observa que os sobreviventes de câncer que desfrutam de uma alta qualidade de vida tendem a expressar sua raiva e outras emoções negativas livremente, evitando assim um acúmulo dessas emoções. Ele encoraja amigos e familiares de pacientes com câncer a ajudar a criar expectativas positivas no processo de cura. Pesquisas mais recentes confirmam que essas abordagens podem ser muito valiosas, assim como técnicas simples de relaxamento como yoga, arte e musicoterapia, tai chi e qigong (uma antiga prática chinesa que alinha a respiração e o movimento) podem ser úteis para lidar com estresse que o câncer traz.[6]

Gerenciando o estresse

Reduzir o estresse ajuda a reduzir o risco de câncer e outras condições de saúde, fortalece o sistema imunológico e reduz a ansiedade. Se você está relaxada, você é mais propensa a aderir a um estilo de vida saudável e menos propensa a depender de escolhas alimentares deficientes que muitas pessoas usam para lidar com o estresse.

Algumas maneiras de ajudar a diminuir o estresse:

  • Pratique meditação, yoga ou tai chi. Você pode fazer isso participando de aulas ou comprando DVDs com instruções.estresse-comida
  • Coma de forma saudável. Concentre-se em alimentos antioxidantes e ricos em fibras como legumes, grãos integrais, frutas e verduras. Sua mente e seu corpo se sentirão mais concentrados e equilibrados.
  • Aprenda habilidades de gestão do tempo.
  • Estabeleça limites para si mesmo. Aprenda a dizer não às coisas que podem adicionar estresse indesejado à sua rotina diária.
  • Divirta-se. Reserve tempo para hobbies e interesses.
  • Tenha Zzz (sono) o suficiente. Seu corpo precisa de descanso para se recuperar do estresse.
  • Diga não ao álcool, drogas e comportamentos compulsivos. Essas coisas fornecem apenas alívio de curto prazo e podem ser prejudiciais à sua saúde.
  • Passe algum tempo com seus entes queridos e procure outros meios de apoio social.
  • Produza suor. Com o exercício regular, seu corpo se tornará uma máquina de combate ao estresse.
  • Aprenda a controlar o estresse da maneira saudável. Faça uma consulta com um psicólogo ou outro profissional de saúde mental treinado para te ajudar no gerenciamento do estresse.estresse-exercicio

 

Fontes:

http://www.pcrm.org/health/cancer-resources/diet-cancer/facts/the-roles-of-exercise-and-stress-management

[1] Gonzalez CA. Nutrition and cancer: the current epidemiological evidence. Br J Nutr. 2006;96:S42-S45.

[2] Nausheen B, Gidron Y, Peveler R, Moss-Morris R. Social support and cancer progression: a systematic review. J Psychosom Res. 2009;67:403-

[3] Smith N, Fuhrmann T, Tausk F. Psychoneuro-oncology: its time has arrived. Arch Dermatol. 2009;145:1439-1442.

[4] Dahl AA. Link between personality and cancer. Future Oncology. 2010;6:691-707.

[5] Locke S. Psychological and Behavioral Treatments for Disorders Associated with the Immune System. Institute for the Advancement of Health. 1986.

[6] Elkins G, Fisher W, Johnson A. Mind-body therapies in integrative oncology. Curr Treat Options Oncol. 2010;11:128-140.

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